CONAR acata pedido da ANJ e suspende publicidade do Santander depreciativa aos jornais

CONAR acata pedido da ANJ e suspende publicidade do Santander depreciativa aos jornais

CONAR acata pedido da ANJ e suspende publicidade do Santander depreciativa aos jornais

Jornal ANJ Online

27 Maio 2020

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) pediu a suspensão de duas peças da campanha publicitária “A Gente Banca”, do banco Santander. Segundo o órgão, que acatou solicitação feita pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), os filmes divulgadas em TV e nas redes sociais depreciavam jornais e bancas, contrariando preceitos do código de conduta que rege o organismo, integrado por anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação.

Em despacho, a 6ª Câmara do CONAR assinala que as peças apresentam situações factuais cuja veracidade teria de ser comprovada. Segundo a conselheira relatora Adriana Pinheiro Machado, após análise preliminar dos vários anúncios que compõem a campanha, “é inegável constatar que, pelo menos, em duas peças – o filme intitulado A gente banca-manicure e o de nome A gente banca-assistência técnica – há a necessidade de se demonstrar a veracidade das informações apresentadas como fatos”.

Os anúncios destacam que “nos últimos anos, mais gente comprava jornal para catar sujeira de bicho de estimação do que para ler” e “ninguém mais compra jornal em banca, todo mundo lê notícia pelo celular”. No entendimento de Adriana, as peças possuem “potencial ‘denegritório’ e ampla divulgação em um período de aumento da audiência dos meios de comunicação (por conta da pandemia de COVID-19) utilizados pelo anunciante”.

“Era uma desinformação evidente, uma campanha depreciativa aos jornais, tanto na estética como no roteiro. Não entendemos a razão desse ataque ao defender o banco”, disse o presidente da ANJ, Marcelo Rech, ao jornal Folha de S.Paulo. O CONAR, afirmou o jornalista, ainda deve examinar se a propaganda está de acordo com legislações municipais ao estimular a mudança de perfil comercial das bancas de jornais. “Em São Paulo, 75% do espaço da banca precisa ser destinado à venda de conteúdo editorial”, destacou.

Os anúncios, produzidos pela Agência Suno Comunicação Integrada Ltda., foram criados para apresentar uma recente linha de microcrédito do Santander dedicada a bancas de jornais. O programa estimula a incorporação de novos negócios ao estabelecimento, como serviços de manicure e de chaveiro. Nessa linha, até um terço da dívida contraída pelos jornaleiros pode ser abatida em publicidade do Santander no ponto.

Para aderir ao projeto, o proprietário, ou alguém indicado por ele, precisa fazer um curso de capacitação para obter o crédito. As opções para o segundo negócio que passará a funcionar simultaneamente, no mesmo espaço da banca, são chaveiro, floricultura, assistência técnica de celular, ateliê de costura ou manicure. Fazer publicidade para a instituição financeira e aderir a uma linha de crédito são algumas das contrapartidas obrigatórias.

Procurado pela Folha de S.Paulo, o Santander informou que retirou do ar trechos das propagandas assim que surgiram críticas, antes da determinação do CONAR. Em nota, o banco declarou que o projeto foi criado com o objetivo de oferecer aos donos de bancas de jornais “assessoramento, capacitação e apoio financeiro para fortalecer a sua atividade principal, nas cidades onde a legislação local permite a sua aplicação”. A divulgação dos vídeos suspensos pelo CONAR, segundo o banco, foi encerrada assim que a instituição foi notificada.

O pedido da ANJ junto ao conselho pedia a suspensão da campanha toda, com cinco peças. O futuro dos outros três materiais será decidido nos próximos 20 dias.

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