Em nove meses, Bolsonaro cometeu 299 ataques ao jornalismo

Em nove meses, Bolsonaro cometeu 299 ataques ao jornalismo

Em nove meses, Bolsonaro cometeu 299 ataques ao jornalismo

Monitoramento da Fenaj aponta média de um ataque por dia à imprensa

Presidente Jair Bolsonaro – Reprodução/Carolina Antunes/PR

O presidente Jair Bolsonaro chegou ao número de 299 declarações ofensivas ao jornalismo, de janeiro a setembro deste ano. O monitoramento é feito pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e inclui todas as falas do político que vêm a público, incluindo postagens em redes sociais, lives, entrevistas e declarações oficiais.

O total de ataques no ano corresponde a 33 casos por mês, em média. A maioria, 259, é classificada como descredibilização da imprensa, quando o presidente investe contra o jornalismo em geral ou contra um veículo específico. Trinta e oito casos foram registrados como ‘ataque a jornalista’, que acontece quando Bolsonaro se dirige diretamente a algum profissional da mídia. Outros dois casos são classificados como ataque à organização sindical, que são momentos em que o político investiu contra a própria Fenaj.

Um dos mais graves ataques foi registrado em 23 de agosto, quando o presidente, questionado por um jornalista, disse: “Vontade de encher sua boca na porrada… Seu safado”. O repórter havia perguntado a Bolsonaro sobre um depósito de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, feito por Fabrício Queiroz, suspeito de operar o esquema de ‘rachadinha’ do senador Flávio Bolsonaro.

“Bolsonaro ataca jornalistas e a imprensa e incentiva seus apoiadores a fazerem o mesmo como tática de desinformação. Cada vez que há uma notícia apontando problemas do governo ou trazendo à tona irregularidades cometidas por seus familiares, ele lança mão da máquina da mentira e do ódio. Como o governo Bolsonaro trabalha contra o país e o povo, são quase 300 ataques à imprensa neste ano”, diz a presidente da Fenaj, Maria José Braga.

De acordo com o levantamento, Bolsonaro usa suas lives semanais para proferir ataques ao jornalismo. Foram 23 registros de julho a setembro. Em 16 de julho, sobre as queimadas ao meio ambiente, disse que a imprensa nacional e internacional “publicou mentiras, fraudou números”, sem apresentar evidência disso. Em agosto, ao questionar cobertura da TV Globo, atacou a jornalista Maju Coutinho, o que desencadeou milhares de ofensas à apresentadora nas redes sociais, com a hashtag #MajuMentirosa.

“O trabalho que realizamos com o monitoramento denota que o presidente Bolsonaro se utiliza dessa narrativa deliberada de ataques ao jornalismo como característica de seu governo. As formas de hostilização apenas mudam de local e de intensidade conforme os meses passam. Os profissionais jornalistas continuam expostos e sendo, em 2020, absurdamente acusados de serem responsáveis pela dimensão da pandemia no país, como se as consequências dela pudessem ser minimizadas ou não fossem assunto de interesse público”, finaliza Paula Zarth Padilha, diretora da Fenaj, que participa do monitoramento.

 

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